Listamos tudo o que é preciso checar para ter certeza de que o apartamento comprado na planta será entregue conforme o prometido.
Texto Roberto Costa
Os olhos do técnico da construtora se arregalaram quando a arquiteta Débora Maeda e seu marido, o analista de sistemas Ryuji Maeda, chegaram para vistoriar o seu apartamento de 38 m2, em São Paulo. O casal levou um arsenal de utensílios: balde, rodo, toalha, fita métrica, entre outros. Dias antes, eles tinham organizado uma lista de 100 itens prometidos no memorial descritivo da obra. “A minha profissão ajudou a ser detalhista, mas a iniciativa de montar o check list foi do meu marido”, conta Débora. O resultado da visita cuidadosa? A descoberta de duas peças cerâmicas quebradas – uma na parede e outra no chão –, que logo foram substituídas. Até agora, quase dois anos após a mudança, o apartamento não apresenta falhas técnicas. A burocracia envolvida na vistoria é, na verdade, simples: na data marcada, o comprador vê em detalhes o imóvel, à procura dos chamadosvícios aparentes, ou seja, defeitos visíveis. “As empresas disponibilizam um técnico paraa ocasião, pois são muito proveitosos os esclarecimentos no local”, afirma Flavio Silva, coordenadorde relacionamento com o cliente da Rossi Residencial. “Se o comprador não fizer a vistoria, a construtora contrata um perito para realizá-la e fornece o documento ao proprietário”, explica Fernanda Rossi, gerente nacional de assessoria pós-entrega da Gafisa. Estando tudo certo, o comprador assina um termo no qual aceita as condições do imóvel entregue. Se detectados erros de construção, a empresa tem no máximo 30 dias para saná-los, e agenda-se a segunda checagem. “Mesmo que existam vícios aparentes, é possível pegar as chaves. Mas no laudo deve constar a ressalva de que serão reparados pela construtora”, ensina a arquiteta Cristiane Dilly, de São Paulo, que também alerta: “Às vezes, a empresa apenas disfarça o dano, sem resolvê-lo”. Até 90 dias após a assinatura do termo de entrega são aceitas queixas de vícios aparentes. O risco está em a construtora alegar que o problema ocorreu depois, já que na vistoria o cliente testemunhou a inexistência do dano. Mas aí pode-se recorrer ao Procon.

Em 2008, o engenheiro de produtos Marcelo Castro, de São Paulo, assumiu sozinho a vistoria de seu segundo imóvel. “Percebi que a obra fora feita às pressas durante o boom imobiliário: a qualidade dos materiais caiu muito”, afirma, com a experiência de quem morava em outro empreendimento da marca. A entrega ainda atrasou três meses, porém o desgaste emocional diminuiu quando a empresa aceitou pagar a mudança da família. Já vivendo no imóvel, Marcelo reparou que as paredes estavam tortas e a estrutura para pendurar os lustres, quebrada. “Devo ter ignorado ainda outros problemas que podem gerar custos no futuro”, admite. Para se sentirem mais seguros, cerca de 60% dos compradores de imóveis de médio e alto padrão chamam um arquiteto ou engenheiro para auxiliar na vistoria, segundo Fernanda, da Gafisa. Já no segmento econômico, isso ainda é incomum. A avaliação costuma levar de 50 minutos a duas horas, dependendo do tamanho e do padrão de acabamento do imóvel. Com tantas variáveis, o custo do serviço oferecido pelo profissional também flutua: vai de R$ 80 a R$ 200 por hora, em São Paulo, entre os especialistas consultados, como Cristiane Dilly. Caso o profissional acompanhe o processo do início ao fim, conferindo a execução dos consertos, o valor sobe para R$ 300 a R$ 2 mil.
Para a vistoria, você vai precisar de:
❚ Cópia do memorial descritivo (documento que elenca tudo o que o imóvel deve ter,entregue pela construtora na hora da compra na planta)
❚ Fita métrica ou trena
❚ Régua de nível de alumínio
❚ Balde
❚ Bolinha de gude
❚ Esquadro
❚ Espelho
❚ Lâmpadas e soquete de 110 e 220 v
❚ Máquina fotográfica
❚ Cabo de vassoura com uma borracha na ponta (para bater no piso de leve)
❚ Carregador de celular (ou outro aparelho elétrico pequeno, como um abajur)
Fonte:http://casa.abril.com.br/materia/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-vistoria-de-apartamentos
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